Contar uma estória não é dar o histórico! Uma das ferramentas de comunicação, aprendizado e engajamento mais antiga é o storytelling. Contamos estórias sentados ao redor de fogueiras desde os mais remotos tempos. Storytelling tem a ver com pessoas falando com pessoas. Uma boa estória te equipa para viver melhor o seu futuro.
Fonte de aprendizado e inspiração, de compartilhamento de visão, uma boa estória é capaz de transmitir valores, crenças, intenção – todas dimensões sutis mas presentes nos negócios. O feitiço corporativo que vivemos atualmente é que nos tornamos racionais demais.
Uma boa estória é uma interpretação ou uma visão da vida como ela é. Se é uma interpretação, pode ser melhor que a vida. Mas atenção porque a mentira não faz parte do storytelling.
A estória serve para engajar os times ou a empresa em uma visão, uma cultura, objetivos. Pode ajudar uma empresa a sair de situações ruins, de crises, mas sem encobrir a realidade.
Para ser um bom contador de estórias, é preciso ter uma mente que pensa em estórias. Não mais bullet points! Lembre-se que é a emoção que move a audiência.
Então como contar uma boa estória? Compartilho aqui técnicas de roteiristas para que você possa experimentar. Contar estórias é algo muito natural para nós, mas imagine se for feito de bem estruturada!
Segue a receita:
Ingredientes:
- Uma ideia governante – „moral da estória“
- Protagonista
- Forças antagônicas
- Incidente incitante
- Desejo
- Estrutura em atos
- Complicações progressivas
- Crise
- Clímax
- Resolução
Primeiramente, tenha em mente qual a sua ideia governante, ou seja qual o moral da estória? Uma pergunta que pode ajudá-lo é: „Qual minha intenção com esta estória? O que desejo deixar como mensagem? O que desejo provocar na audiência?“. Experimente formular uma frase. Palavra solta não vale! Palavras soltas estão fora de contexto e podem adquirir muitas nuances ou significados, inclusive sair do nosso contexto desejado. Outro elemento importante de nossa estória é o subtexto. Aquilo que está presente sem estar falado. Normalmente é o que ajuda a costurar a trama e mantém sua audiência interessada.
Roteiristas podem nos ajudar com estrutura para estórias corporativas. Muito comum vermos filmes começarem mostrando uma situação típica, um equilíbrio de coisas que é quebrado ou afetado por algum fator que faz surgir o Problema. O papel do protagonista será o de Agir para restabelecer ou criar um novo equilíbrio na situação. Ele enfrenta crises, que normalmente são dilemas, decisões difíceis a tomar, e no final atinge novamente uma situação de equilíbrio. A estória é o que se dá entre estes dois momentos de equilíbrio.
O protagonista é mais forte que as forças antagonistas e de certa forma não tem medo do que vai dar errado. Imagine o poder deste estado mental na hora de um time realizar um projeto, criar uma nova solução, ou enfrentar uma crise – é isto que se materializa como desejo na estória. Este estado positivo, de resiliência, faz com que o protagonista seja criativo. Mas tal criatividade deve estar a serviço de um propósito e precisa ter significado.
As complicações progressivas podem ser um excelente momento de aprendizado e uma forma de mostrar os problemas. A estrutura em atos organiza o caos que o protagonista vive; ajuda a construir temporalmente a crise – o dilema entre opções; decisões difíceis que serão superados no clímax. Finalmente a resolução é o ponto em que as tensões se dissipam – pelo menos por um tempo.
Nos negócios podemos usar o storytelling para comunicar e engajar as pessoas nestes momentos entre-equilíbrios. Um novo produto, um projeto, uma restruturação – são alguns exemplos em que contar uma boa estória pode ajudar as pessoas a se engajarem e se tornarem protagonistas. Uma boa estória é capaz de transportar sua audiência para um outro cenário – a solução – e assim conquistar apoio.
Uma estrutura básica e elegante com três atos: Situação – Complicação– Solução.
Exemplo:
Situação: Sempre fomos líderes de mercado e top of mind dos consumidores…
Complicação: …até que entrou um novo produto, concorrente indireto e por conta disto ….
Pergunta implícita: …como isto ocorreu?
Solução: …então criamos …
A situação endereça o contexto e histórico, ambienta como era antes do evento incitante, da crise.
Dica para definir a complicação:
Defina um problema que seja importante de ser resolvido, ou seja, que impacto este problema tem? A solução está nas mãos dos protagonistas?
Dica para a solução:
Faça perguntas abertas começando por “Como…?” uma vez que perguntas assim oferecem passos ou métodos para solução.
Vale a pena experimentar tornar-se um fazedor de estórias!