No segundo trimestre realizamos uma pesquisa em torno das causas e efeitos dos principais problemas que atingem empresas, o que empresas e pessoas estão fazendo a respeito e quanto vale ter estes problemas resolvidos. Nossos respondentes são das mais variadas empresas em termos de setores, tamanho, e idade (empresas centenárias e startups, nacionais e multinacionais, empresas de dono e listadas na bolsa). As pessoas que gentilmente responderam a esta pesquisa vão de CEO’s a analistas, passando por uma ampla gama de funções e cargos. Achamos interessante mostrar os dados aqui para provocar algumas reflexões importantes. Embora as causas e efeitos não sejam novidades, olhá-las em conjunto trouxe uma perspectiva interessante.
O que obtivemos como causas:
Parace óbvio que comunicação ineficaz e equipes não integradas sejam, mas gostaria na verdade de chamar atenção sobre os itens intermediários: liderança ineficiente, visão de futuro e metas pouco claras (itens circulados). De um ponto de vista mais sistêmico, os três itens intermediários mostram questões d nível mais estratégico da empresa e que certamente têm impacto nos outros grupos. O grupo superior – comunicação ineficaz e equipes não integradas – tem a ver com o nível relacional, enquanto que os dois inferiores têm mais a ver com conhecimento e estrutura (excluindo-se liderança sem energia). Talvez as empresas estejam focando no relacional e tendo menos clareza do estratégico. A boa notícia aqui é que a liderança das empresas parece ter energia. Imagine o que pode fazer uma liderança com clareza + energia!
Outra boa notícia é que capacitação das equipes e gestão de conhecimento aparecem como causas menos frequentes de problemas. De fato, nas últimas décadas se investiu bastante em capacitação e gestão de conhecimento. A tecnologia ajuda muito para criar inteligência sobre o negócio e o mercado. Também tem se investido muito em melhorar a comunicação, mas talvez ainda como foco muito mais na competência em si que em gerar resultados através da melhor comunicação.
Investe-se menos talvez na parte mais estratégica – que tem a ver com a liderança das empresas – será que os líderes estão de fato sendo mais bem capacitados quando chegam ao topo? Quanto tempo eles realmente dedicam a estabelecer metas claras e visão de futuro? A velocidade das mudanças, os contextos vertiginosos, são fatores que dificultam a forma tradicional de se fazer estratégia. Para a realidade atual, muito rápida e imprevisível, é necessária uma nova abordagem. Os líderes precisam ser preparados para pensarem de maneira mais sistêmica para fazerem frente à complexidade. Da falta de clareza nas metas e na visão de futuro, rapidamente tropeçamos nas equipes não integradas e na comunicação ineficaz. Como comunicar algo sobre o que o líder não tem clareza? Se ele vê apenas uma parte pequena em lugar do todo? As equipes precisam aprender a trabalhar mais em conjunto, criar coletivamente soluções e ajustar as mesmas sempre que necessário.
As respostas à questão sobre quais as principais causas de problemas em sua empresa refletem a necessidade de novos modelos de gestão e de comportamento nas equipes. A era do taylorismo e departamentalização mostra sinais de exaustão e ineficiência para as novas exigências do mundo VUCA ( da sigla em inglês: Volatile (volátil) Uncertain (incerto) Complex (complexo) Ambiguous (ambíguo)). A liderança lateral e as conexões em rede podem representar o início de um caminho que une estratégia e comunicação para lidar com a complexidade.
Os efeitos nas empresas, abaixo na próxima figura, mostram que as pessoas, equipes, sofrem muito com isso. Pagam com saúde, stress, burn out. Quando as empresas olham isto, normalmente pensam: precisamos melhorar a MOTIVAÇÃO! É como dizer que a dor de cabeça resulta da falta de aspirina… Motivação – ou aquilo que nos move – vem de dentro. Independentemente dos problemas e circunstâncias, quando tudo dentro de nós (o pensar, o sentir, e o agir) estão alinhados a um propósito ou intenção, temos energia para fazer o que for. Basta ver empreendedores fazendo milagres. Equipes fazendo turnaround.
A distribuição de efeitos segue mais ou menos a mesma categorização da observada na questão 2 sobre as causas. Os itens com maior percentual são de relacionamento, assim como na questão 2; conflitos organizacionais e dificuldades em atingir as metas estão na camada intermediária (itens circulados). Novamente, conflitos ou falta de clareza nas lideranças geram comunicação pobre ou conflitos mais abaixo nas hierarquias.
EFEITOS NAS EMPRESAS
Pulando algumas perguntas, gostaria agora de focar na última pergunta da pesquisa:
Questão 6: Quanto vale ter isso resolvido?
A nuvem de palavras faz soar um alerta: os respondentes, em sua maioria, não têm clareza sobre o VALOR de ter os problemas resolvidos. Se há clareza sobre o valor de ter um problema resolvido, por que iria gastar energia, recursos, tempo para resolvê-lo? Quando ele se tornará prioridade? Que impacto terá na organização ou em seus resultados?
Talvez seja a hora de começarmos a desenhar nossas estratégias e programas de desenvolvimento de pessoas justamente por esta pergunta: qual o valor disto para a empresa? Que resultado ou impacto no resultado isto gera? Como garantir o alinhamento entre pessoas, resultados e estratégia?